Tudo começa com um daiquiri, ou seria um martini?!
Ainda neste meu péríodo pós pesquisa... (Dando um tempo pro meu Fígado)
Começo este pequeno projeto, deixando claro meu fascínio pela arte de fazer e, porque não, escutar os sons que proliferam de meus diversos ambientes de trabalho. Sons que começam do gelo estalando ao cair dentro da coqueteleira e terminam com a satisfação do primeiro “trago” do cliente que satisfeito, me deixa um trocado.
Poise, Tenho aqui uma proposta de divulgar alguns contos que colhi nestes meus treze anos de trabalho na área de alimentos e bebidas, ao escolher o bar como ponto de referencia para bons trabalhos e momentos de prazer.
Espero que vc gostem e comentem!!!!
Um exemplo de bartender
(Conto inspirado por um colega em 1999 no Rio de Janeiro)
Tudo começa em mais um dia daquele junho chuvoso no Rio. Estava a caminho de um curso que já desejava á muito fazê-lo, mas que devido ao trabalho de horário confuso, tive que adiar por diversas vezes.
O coração batia forte e a ansiedade aflorada através de meu sorriso solto dava a idéia de que isto não seria apenas um curso técnico, comprovando meu nervosismo e expectativas, ao confirmar com voz trêmula meu nome e recebendo em seguida aquele livro rosa á minha frente, que viria a ser meu primeiro livro de bar.
Daí, dias se passaram e o curso não demorou muito a desbravar diversos pontos e características fortes do fantástico mundo da coquetelaria. E foi em meio á estas descobertas que surgiu um rapaz, soltando por diversas vezes frases ditas que interrompiam inadvertidamente o professor. Seu nome, Marcio apelidado “carinhosamente” pelos colegas de "boca grande".
Seguindo o curso, muitas amizades afloraram e logicamente por não ser nada tímido, Marcio se destacava, por estar sempre rodeado com o pequeno e “seleto” grupo feminino, não demonstrando muito interesse em ser sociável com o resto da turma, que parecia não lhe oferecer nenhum interesse.
Então, após uma dessas avaliações, já sendo tarde, o grupo resolveu confraternizar seguindo do restaurante modelo, no Santos Dummond, direto para uma boa rodada de cerveja na praça quinze, no Centro.
Com o tempo passando e a intimidade provida do álcool aparecendo cada um começou a falar sobre suas perspectivas em relação ao curso que em breve já iria terminar. Ao chegar na sua vez, Marcio falou com total segurança que desejava ser um futuro exemplo na área, porque o barman para ele é um ícone da arte e sedução. Um perfeito espírito boêmio livre que vaga pelos quatro cantos da cidade sempre conseguindo belas mulheres e dinheiro fácil. E quem não queria algo assim. Melhor quem não queria ser referência de algo assim?!
Aquilo gerou um alvoroço entre os colegas que o elogiaram pelas palavras e o apoiaram durante o período que se seguiu ate o término do curso e a volta á nossa realidade cotidiana e individual que se seguiu, até o dia, apenas alguns meses depois, em que um colega me ligou não acreditando em noticia divulgada da página policial de um famoso jornal carioca, informando a prisão de Marcio, pego em flagrante vendendo drogas e agenciando garotas de programas em um bar “meia bomba” de Copacabana. Diziam também que ele usava as garotas para conseguir informações das mesmas a um grupo de seqüestradores especializados em seqüestro relâmpago.
Incrível que voltando àquela noite, vejo que escolhas sempre fazem parte de nossas vidas como profissionais, buscando o aprendizado para agir nas horas certas, e sei que nem sempre encontramos bons motivos para seguirmos atrás do balcão, mas confesso que pelo caminho mais fácil, Marcio pôde garantir ser um exemplo sim, mas bem longe da forma como desejava.
Abraços e drinks
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